Globalização PDF Imprimir e-mail
16-Mar-2009
GlobalizaçãoPossível definição

A globalização tomou a forma actual nos anos 80 com o avanço das telecomunicações e das tecnologias de informática estendendo-se aos capitais, informação, cultura e consumo.

Contributo de Sabino Morgado Dias

Vivemos hoje num mundo em que o acesso à informação é quase instantâneo e a sua quantidade em circulação nunca foi tão grande como agora. Vivemos num mundo em que o que acontece do outro lado do globo entra imediatamente nas nossas casas e influencia as nossas vidas. Vivemos num mundo em constante mutação política, económica, cultural, cientifica, desportiva e social, com diversos fenómenos até aqui desconhecidos. Vivemos num mundo de novos actores, com papéis diversos. Vivemos num mundo em que o espaço e o tempo são cada vez menores.

As Intenções

Realizar a unidade política do mundo, fazendo dele uma única comunidade humana.

A globalização ou mundialização, está a aumentar o crescimento da interdependência de todos os povos e países da superfície terrestre. Há quem lhe chame "aldeia global", pois parece que no planeta tudo fica mais perto e todos se conhecem.

A Realidade

Ninguém iria imaginar é que este sonho se tornaria numa exigência económica para a sobrevivência das grandes potências do mundo.

Os ricos esperavam maior prosperidade e têm-na tido. Aos pobres foi-lhes prometido o paraíso mas o que têm tido é apenas a miséria. A melhoria das condições de vida é cada vez mais uma miragem para a maior parte da população mundial.

Cada vez é maior o número de pessoas a viver abaixo do limiar de pobreza.

As multinacionais apostam na deslocalização das empresas para os países que oferecem melhores condições de investimento, preço mais baixo da mão-de-obra e menor incidência fiscal sobre a economia e o movimento dos capitais. Essas multinacionais "sem rosto" secam os recursos naturais dos países do Terceiro Mundo e em vias de desenvolvimento e quando os abandonam levam a riqueza, degradam o ambiente e a economia social.

Os Estados que se queiram impor contra a saída desses conglomerados correm o risco de sofrer sanções económicas por parte das grandes potências ou por parte de organismos internacionais. No topo desses organismos encontram-se o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial e a Organização Mundial do Comércio.

Direitos Humanos

A vida para dois terços da Humanidade tornou-se um sofrimento e privação quotidiana. Milhões morrem à fome, sabendo que noutra parte do mundo outros morrem por "obesidade", atolados no consumismo.

A globalização ao abrir as fronteiras ao comércio mundial, desenvolveu a competição entre empresas e trabalhadores de todo o mundo. Nesta competição global, a única forma de sobrevivência possível é produzir mais e mais barato.

É a exploração de forma legalizada já que a dependência do capital é total.

Olhamos à nossa volta e confirmamos nada ter do que a outros sobra. Muitos não suportando tanta privação, todos os anos partem das suas terras em busca do seu "quinhão". Estão dispostos a tudo, menos a continuarem a suportar a privação. É uma luta de vida ou de morte.

Os que conseguem chegar ao "paraíso", o que encontram (se encontrarem) é trabalho de escravatura, uma luta infernal pela sobrevivência dia após dia. A esmagadora maioria aceita trabalhar e viver à margem da lei e em condições infra-humanas.

Não tardam em se aperceberem que não passam de mão-de-obra barata, sem direitos de espécie nenhuma. Sobre estes pobres imigrantes acaba por recair a acusação de estarem a destruir  direitos de outros trabalhadores que duramente os conquistaram nos países que agora os acolhem

Nos países do "Terceiro Mundo", onde se concentra grande parte da Humanidade, milhões de crianças são usadas nesta competição global. A escravatura tornou-se uma prática corrente.

Nos "Países Ditos Desenvolvidos" acontece o desemprego, o fim das estruturas de segurança social, a quebra dos laços de solidariedade, etc.

Cada vez com mais intensidade se confirmam estes sinais como efeitos perversos da competição à escala global.

Os Novos Predadores

A globalização aparece quase sempre, e em primeiro lugar, associada a questões económicas e ao sistema económico dominante - o sistema de mercado capitalista.

O mundo assiste hoje à globalização da especulação financeira. Os novos predadores aniquilam sectores económicos inteiros de países em operações bolsistas, realizadas por alguns num qualquer ponto. O capital não tem pátria, nem limites para a sua acumulação. Os meios usados perderam toda a conotação moral, estão convertidos em simples "operações" financeiras.

O mundo assiste hoje à expansão da consumismo numa lógica predadora de recursos. Um terço da Humanidade consome de forma impulsiva. Pouco lhe interessa quem fabricou os produtos, as condições em que os fez e a que custo. O que verdadeiramente conta é que os mesmos lhes agradem e os possa adquirir.

Face a este panorama, os direitos humanos se são a única referência consistente, são também uma referência vazia de sentido para a maior parte da Humanidade, para a qual a questão prioritária é a da sobrevivência física dia após dia.

Santo Aleixo, 11 de Fevereiro de 2008

Sabino Morgado Dias

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