Escola Empresarial, por escrito
20-Mar-2009

Foto de Miguel Conde no FlickrNa chamada pós-modernidade, e numa época de novas tecnologias, a escola portuguesa continua fabril, continua empresarial, continua virada para um século que não é o que vivemos. É por isso necessária uma radical transformação com esta escola velha e decadente.

Contributo de Guilherme Martins

Como marxista e ex-aluno, a minha experiência pessoal configura toda a estrutura do ensino português semelhante a uma cadeia de montagem antiquada e burocratizada, um enorme ciclo capitalista de alienação do indivíduo, onde os alunos aprendem as bases para fazerem parte da escravatura burguesa. Desse modo, educa-se (ou deverei dizer doutrina-se) para uma chamada carreira profissional numa qualquer dessas empresas, onde um futuro radioso, livre de obstáculos e de dificuldades, espera por nós.

Contudo, ao mesmo tempo, da alienação surge o tédio e a revolta contra algo invisível, porque a Educação quando deveria dar bases para sentir e perceber a vida; dá bases para a exploração e para um ciclo anti-natural que é o trabalho capitalista. Esta monstruosidade arruinou, de tal modo, o ensino que já se incute falsamente, e cada vez mais, a noção de que vivemos numa época em que o aluno é apenas pertença de uma consciência colectiva, sem vontade nem sensação própria.

Assim, perante este estado de coisas é preciso de um lado: o reforço dos mecanismos baseados num ensino de emancipação quer social, quer humana. Do outro, o reconhecimento de que esta estrutura falhou e que tem de ser destruída. (E a este respeito é impossível conceber uma situação mais clara.)

Por isso, e na medida em que me atrevi a participar neste debate, é preciso defender de forma clara – e não de forma vaga – que não existe revolução cultural sem que não se acabem com as aulas nestes Jardins Zoológicos. Assim, defendemos, de forma clara, a educação como o esforço de compreender e de não ser apenas um banal replicador do pensamento doutrem... Defendemos, de forma clara o direito, seja qual for o motivo, do aluno assumir todas as linhas e direcções do seu processo de construção interior e exterior, mesmo quando isso possa ser prejudicial. Defendemos que é desta fecundação individual, que se constrói uma ESCOLA e um INDIVÍDUO NOVO virado para o século XXI, e, não somente, guiado pela Luz da eterna alienação...

Guilherme Martins, militante do Bloco de Esquerda, Guimarães