Acabar com a banca neo-liberal |
21-Abr-2009 | |
Contributo de José Pedro Fernandes Independentemente da possibilidade de nacionalização da banca, há vários pontos de que queria falar: 1 - A separação das sociedades de investimento da banca comercial parece-me urgente e inevitável. Se uma ou outra directiva comunitária fabricada pela escumalha neo-liberal que se apoderou dos destinos da CEE o impedir, bastará que o regime fiscal para as entidades que mantiverem ambas as actividades seja tão penalizador que os bancos sejam levados a optar pela separação. E a política fiscal ainda tem uma componente nacional significativa. 2 - A política de benefícios fiscais à banca é um contrassenso, e não tem razão de existir, nem a nível nacional nem a nível da CEE. E muito menos têm razão de existir as off-shore. 3 - O crédito à habitação foi um recurso normal das famílias, durante décadas. Não é decente fazer tábua rasa do passado e vir agora tomar posse das casas, quando as pessoas atravessam dificuldades. E é estúpido da parte da banca. Em vez de aceitar renegociar os contratos com margens apenas simbólicas, na perspectiva de vir a recuperar o dinheiro emprestado, a banca vê-se perante um prejuízo certo, ao apropriar-se das casas para as leiloar. 4 - Qualquer que seja a evolução da banca, há uma componente de serviço público que tem de ser incorporada nas regras por que se rege. Ou seja, terá de haver formas de regular e fiscalizar a actividade da banca que sejam claras e eficazes, e os seus resultados terão de ser publicitados. 5 - Em termos de cultura popular, era importante que a esquerda procurasse explicar, com toda a clareza, ao maior número possível de pessoas, os mecanismos nebulosos que "criam" valor a partir de nada nos circuitos financeiros, e que tipo de gente pode operar nesses esquemas. José Pedro Fernandes |