Acesso e Sucesso no Ensino Superior, Regras Claras e Universais!
22-Abr-2009

Foto C. Barabanov/FlickrA problemática no Ensino Superior entronca decisivamente no desenvolvimento social e económico da nossa sociedade. Sendo muitas vezes a dimensão social preterida em favor da dimensão económica, é urgente recordar o papel da Universidade na formação cívica da cidadania. O papel de produtoras de conhecimento das Universidades tem vindo a ser obscurecido pela análise economicista, as Universidades nunca foram, não são, nem nunca poderão ser vistas como escolas de formação profissional, a sua principal função é formar cidadãos capazes de observar, refletir, estudar e agir.

Contributo de José Moreira

 

A problemática no Ensino Superior entronca decisivamente no desenvolvimento social e económico da nossa sociedade. Sendo muitas vezes a dimensão social preterida em favor da dimensão económica, é urgente recordar o papel da Universidade na formação cívica da cidadania. O papel de produtoras de conhecimento das Universidades tem vindo a ser obscurecido pela análise economicista, as Universidades nunca foram, não são, nem nunca poderão ser vistas como escolas de formação profissional, a sua principal função é formar cidadãos capazes de observar, refletir, estudar e agir.

Muito se fala do insucesso escolar no Ensino Superior, e não queiramos tapar o sol com a peneira porque ela existe e é alarmante. Não é só um problema para os alunos, que perdem tempo, anos de vida, frustrados, é também para os docentes que vão assistindo mais ou menos passivamente ao acumular do insucesso, e para o a sociedade que desperdiça dinheiro e os recursos  humanos preciosos que são os nossos jovens.

Entretanto as Instituições de Ensino Superior e o Ministério vão assobiando para o lado. Reduz-se a duração dos ciclos de ensino e mais ou menos veladamente vai-se pedindo aos docentes que baixem o nível de exigência, mas não que melhorem o seu desempenho.

O problema do insucesso no Ensino Superior exige uma mudança de paradigma. Urge passar das preocupações com as estatísticas, que estão a levar a que a formação superior seja no mínimo medíocre para uma cultura de exigência, rigor e participação.

Só uma cultura de exigência, rigor e participação é Democrática e Igualitária. Uma escola exigente motiva alunos e docentes e garante uma formação de qualidade e uma educação para a cidadania ativa.

A participação dos alunos nos órgãos académicos, na avaliação dos docentes, nos trabalhos de investigação levados a cabo nos nossos laboratórios é um importante catalisador da vida académica.
Importante papel desempenha também o estado no financiamento e regulação do sistema. O financiamento deve ser transparente e previsível a longo e médio prazo de modo a que as instituições possam funcionar sem sobressaltos constantes.

A regulação do oferta dos cursos de primeiro e segundo ciclo é fundamental para corrigir as assimetrias do sistema de Ensino Superior Nacional e para introduzir transparência e rigor.

Urge acabar com a proliferação de cursos idênticos sobre diferentes designações, por vezes dentro da mesma escola, somos porventura o pais do mundo com o maior “elenco” de oferta de cursos superiores.

É essencial regular as designações de todas as formações de primeiro ciclo, e rapidamente se passaria de um oferta de centenas de cursos, aparentemente diferentes, para o de algumas dezenas

Tendo em vista o sucesso escolar, como primeira medida é necessário de regular  os elencos de acesso ao ensino superior devem ser regulados a nível nacional. O modelo tem de ser simples e propedêutico para as formações a frequentar, como mero exemplo mostro a seguinte lista:

Área de conhecimento: Ciências e Tecnologias
Elenco de acesso: Matemática, Física, Química, Biologia, Português

Área de conhecimento: Humanidades
Elenco de acesso: Português, Filosofia, Língua Estrangeira

Área de conhecimento: Ciências Económicas e Gestão
Elenco de acesso: Português, Filosofia, Economia

 Estou certo que exercício idêntico se poderia fazer para outras áreas como as Artes, Desporto,…

Oicam-se as sociedades científicas, como as Sociedades Portuguesas de Química, Física  Matemática, Filosofia e outras, oicam-se os docentes e investigadores, oicam-se os estudantes!